“Ninguém é culpado por amar, mas é
responsável pelo mal que pratica em nome deste amor”. O que seria o mal
quando afeta primeiramente a quem pratica? Daniela, nossa protagonista, sofre
pelo que fez, pois a sociedade condena muitos atos, mas Deus, que é único, com
sua infinita bondade, não condena, e, sim, tenta mostrar o caminho que por
ventura traçamos antes do nosso encarne, antes de voltarmos ao plano terreno.
Temos livre arbítrio para escolhermos e tentarmos evoluir a cada reencarnação.
Este é um
livro forte e intenso, pois é sobre o incesto de Daniela com seu irmão Daniel.
Epa! Não julguem! Leiam primeiro e entendam, como eu, como esta alma sofreu e
tentou, quando voltou ao mundo espiritual, melhorar.
É Daniela quem
narra os fatos ocorridos com ela desde jovem, quando começa a sua história. Ela
conta sobre a vida e a morte, sua passagem dolorosa do desencarne e suas
consequências. Não deixa de ser uma bela história de paixão e superação, neste
e no outro plano.
O que
aconteceu em sua vida terrena, porém, ficou mais de treze anos para ser
divulgado, porque, como explicou Mônica de Castro: “receio de sua repercussão
junto ao público”. E só foi agora que a autora acreditou que o ser humano está
mais amadurecido, e há muitas pessoas que poderão ler e compreendê-la, não
julgando Daniela pelos seus atos.
O livro é
dividido em duas partes, a primeira retrata “O Mundo Corpóreo”, que vai da
página onze até a cento e vinte e três, contendo treze capítulos; e a parte
dois, “Mundo Incorpóreo”, que começa na página cento e vinte e sete e termina
na duzentos e vinte e um, com dez capítulos. E, por fim, o prólogo, onde
Daniela conta que passou quarenta anos no mundo espiritual, sendo que desencarnou
aos vinte e quatro anos, e tendo passado mais vinte anos no umbral (“estado ou
lugar transitório por onde passam as pessoas que não souberam aproveitar a vida
na Terra” – Wikipédia).
Daniela
conta que a partir dos treze anos começou a sentir algo muito forte pelo irmão.
Ela, com ciúmes dele, porque o viu beijando uma menina na boca, ficou
angustiada e perguntou como ele podia trai-la, daí o puxou e o beijou
apaixonadamente. Ele, por outro lado, a repudiou no momento, alegando serem
irmãos (gêmeos), mas não resistiu também. E, abraçando-a, beijou-a novamente
com paixão e sofreguidão. Daí ao sexo foi rápido. Eles não se largavam mais. A
paixão entre eles ficou forte e selvagem, carregada de culpa, mas, mesmo assim,
prosseguiam.
Até a mãe deles
descobriu, e, quando isso aconteceu, ficou chocada e logo avisou ao pai, que
bateu nos dois e os expulsou. Só que sua mãe, com seu amor infinito, mesmo sofrendo,
pediu para que eles não abandonassem o teto, e prometeu vigiá-los e levá-los ao
psiquiatra para que isso não voltasse a acontecer. Porém, a paixão falou mais
alto e eles não a obedeceram. Ocorre, então, uma tragédia e a mãe desencarna.
Seu pai não mais os obrigou a ir a um psiquiatra, só que passou a maltratá-los
e humilhá-los. Os anos passam e pouca coisa muda.
Quando seu
pai também desencarna também, os dois jovens passam a viver sozinhos, com
apenas a empregada, na casa que seus pais deixaram, e com bastante dinheiro. Só
que Daniel tinha outros planos, que iam além da vida que levava, e queria
estudar para ser arquiteto em outra cidade. Mais que depressa, Daniela, mesmo
não tendo igual intenção ou vontade de seguir a mesma carreira, acaba indo
junto com o irmão, para estudar na mesma faculdade, no mesmo curso e na mesma
sala. Ela queria estar sempre junto dele, parecia (e era!) até obsessão.
Daniel, por
sua vez, não resistia, e acabava em seus braços, aceitando aquela vida. Tudo
faziam para esconder seu segredo dos outros, e tinham poucos amigos. Sendo que
ele acabou se apaixonando por uma amiga da faculdade, e planejava se casar com
ela.
Aí o jovem
começa a sentir por Daniela um amor fraternal (esta seria sua missão quando no
retorno a essa vida, pois vieram para resgatar algo perdido durante muitas
encarnações. Vamos entender tudo isso quando, Daniela, no astral, descobre
sobre suas vidas), ela, por sua vez, não conseguia aceitar isso. Então ocorre
uma nova desgraça, que vai mudar novamente a finalidade deles virem como
irmãos, resgatarem suas vidas e não acenderem a chama da paixão.
Todo o
relato de Daniela é profundo por demais, e é uma narração emocionante. O
prólogo mostra todo o sentimento que ela tem hoje. Ela aprendeu a se transformar
pela dor e, com isso, afirma que está mais madura e confiante.
De Daniel,
não sabemos mais nada após seu desencarne, pois ela não teve permissão para
vê-lo novamente e nem sabe o que se passou com ele. Quando nossa protagonista
estava no astral e começou a melhorar, ficou com medo de retornar numa nova
vida no plano terreno e cometer os mesmos erros. Não sabemos se, após os
relatos deste livro, eles voltaram a se encontrar porque, este livro já foi
narrado por ela, e não sei se ele terá a mesma permissão para mostrar a
história sob seu ponto de vista.
Acho que
Daniel foi um jovem mais sensível e submisso, já Daniela foi forte e
determinada, sem preconceitos ou culpas, sempre fazendo o que achava ser melhor
para si mesma, o que acabava influenciando o irmão, além da forte atração que
um sentia pelo outro e era inexplicável.
Mônica de
Castro foi muito assediada por Daniela, e achou que era apenas mais um espírito
querendo contar sua história comum. E de fato era, porém, como ela mesma narra,
Daniela acabou se revelando muito mais do que isso, tendo permissão da
espiritualidade maior para contar sobre sua vida. Foram momentos difíceis para
a escritora, mas com afinco e ultrapassando alguns de seus conceitos
religiosos, levou até o fim este relato.
O que muito
me emocionou foi que Monica, no começo, fala e pede nossa atenção para esta
história de amor e compreensão, pois em muitos momentos vamos sentir emoções
alteradas. Foi difícil, tanto para uma, quanto para a outra, compartilhar esta
história.
Gostei muito
deste livro e acredito, como a escritora, que muitas pessoas passem pelo que
Daniela passou. Só não têm permissão para narrarem ou se abrirem com alguém,
tudo isso porque preconceitos existem, mas quem somos nós para julgarmos estas
almas que vêm de muitas vidas tentando melhorar? É difícil, só sei que estamos
aqui para resgatarmos o que deixamos passar e tentar nos tornarmos cada vez
melhor.
Como nos esquecemos
de nossas vidas anteriores, tentamos melhorar na atual sem saber de nada. Os
afetos e os desafetos fazem parte da nossa vida, devemos tentar canalizar para
não cairmos nas mesmas armadilhas sempre. Sermos melhores a cada ano,
amadurecermos a cada dia, isso nos fará melhores. Tentarmos entender como a
vida é difícil, e, ao mesmo tempo, prazerosa, faz parte.
Apesar de
bem curto, este livro tem apenas 225 páginas, a narrativa não é rápida e leve,
pelo contrário, é extremamente intensa e bastante forte. Mesmo que você tenha
preconceito ou até repulsa inicial por esta história, aconselho que a leia
mesmo assim. Você não precisa aceitá-la, mas depois da leitura vai entender o
que aconteceu entre estes jovens.
Mônica de
Castro nasceu no Rio de Janeiro e tem o seu mentor espiritual, Leonel, que a
acompanha há décadas. Eles foram ligados em muitas vidas. Ela tem mais de vinte
livros publicados e, sendo uma escritora espiritualista, escreve romances
esclarecedores, estimulando os leitores a autorreflexão, superando problemas e
tentando um esclarecimento para que a vida se torne melhor e mais feliz.
A diagramação
deste volume segue o padrão atual da Editora Vida e Consciência, que está, mais
uma vez, de parabéns pelo seu trabalho. A fonte do miolo é grande e, junto com
o ótimo espaçamento, transformam a leitura em uma experiência agradável. No
começo do exemplar há um trecho sobre o que vamos encontrar no livro e duas
páginas sobre a autora. Eu gosto bastante desta capa e do jogo de cores
escolhido.
Esta sua
obra não é uma leitura universal, muita gente não vai conseguir entendê-la ou
aceitá-la, e também não é aconselhável para menores de idade por conta do alto
teor emocional, já que o leitor precisa ter estrutura para ler algo assim.
Mas, apesar
de curto e chocar, a escrita de Mônica é incrível e profunda.
Você se sente parte daquela história, como se fosse um amigo íntimo de Daniela
que está ali para ouvir sua confissão sem julgamentos e tentar ajudá-la a
passar por tudo aquilo de maneira mais positiva, mesmo que em vão.
Se você se
interessou por tudo o que comentei nesta resenha e tem uma mente aberta para
aceitá-la da maneira crua como é contada, então este é um livro que indico
muito a você. Um conselho: Abra seu coração para as fortes e arrebatadoras emoções
que irá encontrar.
Avaliação
MUITO INTERESSANTE ESTA SUA RESENHA. A MONICA DE CASTRO, É UMA DAS AUTORAS DE ROMANCES ESPÍRITAS DE QUE EU MAIS GOSTO DE LER. E NÃO CONHECIA ESTE SEU LIVRO AINDA, É LANÇAMENTO DESTE ANO? BONITAS PALAVRAS E BONITA RESENHA, FIQUEI MUITO INTERESSADA E VAI SER O PRÓXIMO LIVRO MEDIÚNICO QUE VOU COMPRAR.
ResponderExcluirLUCIA
Não estou gostando do livro, mas vou ler até o fim. Procurei no Google informações do caso, que aconteceu no final de 73 e não achei. Sou espírita há muitos anos mas não sei até que ponto vale a pena ler esta obra em detrimento de outras. Enfim.
ResponderExcluir..