Molly Templar é uma órfã que não
consegue parar em um emprego até que é enviada para um bordel como aprendiz.
Logo em seu primeiro atendimento presencia um assassinato, e a partir de então
passa a correr por sua vida, ao mesmo tempo em que precisa compreender porque a
querem morta. Em outra parte da cidade o também órfão Oliver vive com seu tio com
uma ordem de restrição, cujo o motivo não compreende, mas depois de ter a
pensão que mora invadida por um grupo de assassinos, foge com o amigo de seu
tio Harry, lutando não só pela sua vida como pelo bem de sua terra.
Como explicar em poucas linhas o
que nem um livro de 537 páginas conseguiu explicar? Trata-se de uma estória
narrada em terceira pessoa, sob diversos pontos de vista em um universo
steampunk com inspiração na época vitoriana londrina. Na trama existem diversas
camadas de estória acontecendo ao mesmo tempo com diversas comunidades e
criaturas diferentes, e quase tudo nessa sociedade é diferente até o nome de
café, que é cafél! E eis o problema, não somos apresentados a esse novo
universo, ao contrário o leitor é jogado em meio a ação e tem que tropeçar pela
história tentando aos poucos compreender de que tipo de coisa que tudo se
trata.

E não bastasse tentar compreender
todo esse universo bem diferente temos que acompanhar as ações de Molly e
Oliver. É tudo muito embolado e bagunçado, a narrativa não anda, a leitura do
livro levou uma eternidade, e a sensação de não compreensão persiste até o fim
do livro. Algumas coisas você acaba compreendendo, mas outras não. E a sensação
que eu tive é que esse livro deveria ter sido desenvolvido em no mínimo mais um
livro, de forma mais calma e detalhada, explicando esses diversos aspectos que
sim são muito criativos, mas que precisam de explicação!
Quando você cria algo totalmente
fora da realidade você precisa introduzir o leitor ao seu mundo, precisa
convidar e conduzir a leitura, e fazer com que quem lê compre sua ideia, não
importa quão absurda seja. Mas Hunt se esqueceu disso!
Molly é uma garota muito
determinada, não se vê como coitada perante a sua sorte. Ela não quer se
submeter ao que lhe impõe, e nunca desiste de lutar pela vida. Quando lhe é
dito que é especial ela aceita bem porque no fundo sempre se achou diferente,
mas assim como Oliver acaba desenvolvendo seus dons de forma muito rápida e sem
conflitos. Um herói sem conflitos acaba soando raso, e perdendo a humanidade.

A Corte do Ar tinha um potencial
enorme, tem material até em excesso para ser explorado, mas não vingou. Do
ponto de vista steampunk de fato trabalhou bastante com as máquinas a vapor,
mas todo o resto se perdeu, e eu lamento muito quando vejo um diamante que
poderia se lapidado e dado bons frutos acabar assim sem explicações. A série
conta ainda com mais cinco livros que ainda não foram publicados por aqui,
espiei o enredo do segundo e a estória gira em torno de um dos personagens que
ajudou os protagonistas, mas não parece dar continuidade ao que foi começado
aqui.

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